Sendo turistas brasileiros, pertencentes a uma nação tão nova quanto a nossa, é curioso como nossa noção de modernidade é bem recente. Quando pensamos no século XIX, parecem ser eras longínquas, que cheiram a verdadeiro mofo histórico. Pois, visitando a Inglaterra e a Europa de maneira geral, essa noção é destroçada rapidamente, como um vaso chinês de porcelana caindo da sacada de um sobrado. O século XVI europeu fica tão próximo quanto nosso Brasil imperial e a Revolução Industrial parece o desenvolvimentismo da ditadura militar.
E é aí que Greenwich, bairro que fica a pouco mais de dez quilômetros do centro de Londres, entra para ser um resumo de toda essa modernidade inglesa. Suas diversas atrações e pontos de interesse contam muito bem essa história. Greenwich é como um disco de um artista que tem músicas muito boas que funcionam bem sozinhas, mas que se ouvidas numa ordem lógica contam uma história melhor ainda.

Painted Hall no Old Royal Naval College
Local onde ficava antigamente o Placentia Palace, local de nascimento dos monarcas ingleses mais icônicos do período pré-contemporâneo, Henrique VII, Maria I e Isabel I. O Old Royal Naval College, projetado por Christopher Wren, abriga hoje o Painted Hall, um palácio artístico de tirar o fôlego, considerado a Capela Sistina inglesa, pintada por James Thornhill. Em setembro de 2022, o ticket para entrar no Painted Hall custava £13,50.

Queen’s House
Palácio-Museu que era residência real no século XVII, comissionado pelo Rei James I para sua esposa Rainha Ana da Dinamarca. Com entrada gratuita e belíssima fachada clássica, ele abriga uma escada em caracol perfeita e diversas pinturas e retratos do período entre o século XVII e XX. São destaques os retratos dos monarcas Tudor e a história da vitória sobre a Armada Espanhola, definitiva para a consolidação da marinha inglesa. A entrada é franca.

Observatório Real de Greenwich
Talvez o nome mais famoso associado ao bairro a sudeste do centro de Londres seja o do Observatório que se encontra em uma colina acima da Queen’s House. Seus telescópios e meridianos, mais do que ícones do avanço tecnológico que surge no período, representam também o poderio político irradiado da Grã-Bretanha como centro econômico mundial, capaz de se definir como marco zero do planeta. A vista da cidade de Londres lá em cima é espetacular e o ingresso para entrada no Observatório custou £16 em setembro de 2022.

Museu Marítimo Nacional
O maior museu dedicado à temática marítima no mundo, este museu tem um apelo familiar e infantil muito grande, com suas atrações cheias de componentes lúdicos, como o mapa-múndi enorme no último andar com navios com rodinhas para as crianças “embarcarem” e as réplicas de embarcações nos corredores. A exposição, no entanto, conta muito da história da exploração marítima que foi porta de entrada para a colonização inglesa nos quatro cantos do mundo. Há muitas exibições temporárias interessantes, algumas com entrada paga, entretanto o museu tem acesso livre.
Cutty Sark
Outro símbolo de uma era para os britânicos, o Cutty Sark é símbolo maior do mercantilismo inglês. O gigante veleiro impressiona logo na saída da estação de metrô homônima, mas é importante resistir à tentação e encaixá-lo “na ordem do disco”. Com a característica da velocidade, ele era essencial no dinâmico comércio de chá com a China, transportou lã para a Austrália e acabou se aposentando depois de uma temporada em Portugal e outra como navio-escola. Internamente, sua estrutura tem partes originais misturadas com outras reconstruídas, conteúdo audiovisual e histórico muito rico, e o deck principal preservado como novo e com vista linda para o Rio Tâmisa. A entrada para a atração custava em setembro de 2022 também £16. Como pertencem à mesma organização, o Royal Museums Greenwich, há uma promoção para visitação das duas atrações no mesmo dia a £25.

Faixa-bônus: retorno ao centro de Londres de barco pelo Tâmisa, passando pode todos os bairros marginais ao rio com paisagens clássicas como a Torre de Londres e sua ponte, a London Eye, a Elizabeth Tower e o Big Ben e todas as pontes sobre o rio.
Faixa-bônus 2: você também pode atravessar o Tâmisa por baixo, usando um túnel subterrâneo de pedestres que vai levar até Island Gardens, onde você pode pegar seu transporte.
Eis aqui os motivos que credenciam Greenwich a se colocar como professora de história que faz um resumo pré-vestibular de séculos em 50 minutos de aula. Talvez você precise de um dia todo ou até dois para cobrir tudo isso, mas ao menos o fará de férias em Londres.
Que textoooo animal! Adorei e relembrei mto minha passada por Greenwich! Eu amei esse lugar! Parabéns pelo textão e dicas valiosas❤️
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