*Por Camila Moraes

Como já relatei aqui no blog no post “Organizando um Intercâmbio“, fui para Toronto realizar um intercambio (de inglês) por 3 meses. Gostei taaaaaaaaaaanto, que gostaria de ficar para sempre (rsrs)! Como esta opção era impossível considerando meu tipo de visto canadense (estudante, SX-1) e meu orçamento $$, consegui estender um pouco mais e fiquei ao todo 5 meses.
Nem preciso falar da alegria e da ansiedade para o “grande dia”, não é mesmo? Sempre sonhei em fazer um intercâmbio, mas jamais pensei que isso seria possível até começar a focar nesta ideia. O grande dia ocorreu em 12/06/2016 quando desembarquei em terras canadenses. A chegada no aeroporto foi bem tranquila, inclusive a passagem pela imigração: me perguntaram sobre o objetivo da minha viagem, hospedagem, passagens e objetos que trazia nas malas. Neste momento eu possuía toda a papelada com estas informações, então mostrei e expliquei tudo e fui liberada para a “Conquista Canadense” rsrs.
Semanas antes de embarcar, busquei na internet fóruns que dessem informações relevantes sobre a vida torontoniana. Entre vários blogs, vlogs e fóruns que ajudam com estas informações, o que mais gostei pela interação e praticidade foi o grupo do Facebook “Toronto para Brasileiros”. Neste grupo consegui (por indicação dos membros), um brasileiro que realizasse transfer entre o aeroporto e a casa de família por um bom preço (melhor que táxi e muito mais barato que o transfer que a escola oferecia). Ou seja, antes mesmo de sair do Brasil eu já tinha negociado o transporte e combinado o ponto de encontro. Quando desembarquei, o motorista já estava me esperando no aeroporto.
Casa de Família (Homestay)
Eu queria e precisava de uma imersão no inglês. Meu objetivo com a língua é usá-la brevemente na minha carreira profissional. E para acelerar este processo, fiz questão de ficar em casa de família. Dias antes de embarcar, recebi da agência as informações da “minha família canadense”. Por orientação, comprei algumas lembrancinhas, algo que simbolizasse o Brasil e/ou a região. Para cada membro da família, dei pacotinhos contendo bombons da Amazônia (castanha, cupuaçu, açaí etc).
Ao chegar na casa no domingo 12/06, fui bem recepcionada pela “mãe”. Ela meu deu um caprichado café da manhã e ficou conversando comigo, explicando as regras da casa. Com o passar dos dias, fui conhecendo e interagindo com o restante da família.
A família que me acolheu tem origem filipina e mora em Toronto a mais de 20 anos. Eles seguem os costumes do país: só usam a língua inglesa, os filhos nasceram no Canadá e tiveram educação canadense, ou seja, não aprenderam outro idioma a não ser o inglês. As comidas servidas na casa foram massas, churrasco (carne, frango e porco), panquecas, pizza, sanduíches, sucos, cafés, chás etc. Toda a família foi bem simpática e acolhedora. Minha “mãe canadense” me deixou bem à vontade na casa e participou ativamente do meu “listen & speaking”: sempre conversava sobre minha vida no Brasil, minhas aulas de inglês, meus passeios pela região e conforme a confiança ia crescendo, me contava sobre sua vida e de sua família também. Quando eu retornar a Toronto (sim, planejo voltar rsrs), pretendo ficar com esta família novamente.
A casa tinha espaço para 3 estudantes (sempre meninas), sendo um quarto individual e outro compartilhado com 2 estudantes. Eu comprei o quarto compartilhado, por ser mais barato. Em toda minha estadia dividi o quarto com uma russa, uma italiana e no último mês com uma brasileira. Este caso de mesma nacionalidade dividindo o mesmo quarto não é permitido pela escola, mas só ocorreu devido ao período ter muitos estudantes não tendo espaço em outras homestays. Mesmo assim, a escola pediu minha autorização para que isso pudesse ocorrer. E independente disto, consegui garanti com a estudante brasileira a comunicação sempre em inglês. “Nossa mãe” também nos cobrava disso hehehe. Já no quarto individual, convivi com uma francesa e depois dela, uma japonesa. Não tive problemas no relacionamento com as estudantes que frequentaram a casa: todas colaborativas e parceiras. Dividíamos o mesmo banheiro, o que também foi bem tranquilo. De uma forma geral, posso dizer que tive muita sorte na minha homestay, tanto com a família quanto com as estudantes da casa.

Porém, optar por ficar em homestay precisa ser bem analisado pois, existem algumas regras gerais dependendo do convênio com a escola. Entre estas regras: uso razoável da internet, 1 banho/dia de 15min no máximo, refeições (comidas) definidas pelas famílias, horário exato para o jantar etc. Mas estas regras podem variar de família para família. No caso da minha homestay, eu não precisei seguir nada disso, fiquei bem livre e me senti realmente em casa. Mas, ouvi muitas reclamações de amigos sobre estas regras. Exemplo: no pacote do meu intercâmbio, estavam inclusas as 3 refeições (café, almoço e janta) e na minha homestay eu podia escolher o que comer na geladeira (entre variadas opções) além de poder abrir a geladeira e comer o que quisesse a qualquer hora (minha mãe canadense tinha sugerido fazer isso sempre, ela sempre dizia: “don’t be shy” rsrs). Alguns amigos relataram que algumas famílias disponibilizavam poucas opções para o café da manhã e almoço, além de algumas famílias controlarem a entrada dos estudantes na cozinha. Tinha família até que controlava o uso do papel higiênico (rsrsrs). Bem chato esse tipo de situação né?! Este risco deve ser levado em consideração se optar por Casa de Família. Mas LEMBRE-SE: estas situações ruins não são uma regra e sim um risco. Mas tudo tem solução: as escolas permitem troca de homestay se você não se adaptar por algum motivo, seja relacionamento, distância da casa ou demais problemas. Troca de homestay é algo bem comum.
Escola de Inglês
A definição da escola de inglês é FUNDAMENTAL, é exatamente por isso que você decide fazer um intercâmbio. São através dos valores da escola que você decidirá o melhor orçamento e é a escola o meio para você melhorar seu objetivo com o idioma. Considerando os meus requisitos (valores, prestígio da escola e plano de refeições) as escolhas finais ficaram entre ELS e ILAC. Após pesquisar muito entre as duas, optei pela ILAC. Além dos meus requisitos cumpridos, constatei que a escola possui uma excelente e moderna estrutura o que influencia muito no “desejo de estudar”.
Muitas pessoas reclamam da quantidade de brasileiros presentes nas turmas desta escola, isso pode atrapalhar o aprendizado se você não evitar o português. Esta questão, foi no início um dos meus requisitos, mas percebi que isso não era uma situação da escola e sim da cidade de Toronto, os brasileiros estão em TODOS os locais. De fato, na ILAC, os brasileiros são quase a maioria depois dos asiáticos. Mas sinceramente, isso não me atrapalhou em nada. O comprometimento no aprendizado do idioma está com você e não com a escola. De uma forma geral, os amigos brasileiros que fiz, consegui garanti o inglês como idioma. E para me assegurar disto eu sempre lembrava: “Eu paguei para falar português? NÃO, eu paguei para falar inglês”.
Assim como todas as escolas, a ILAC possui turmas para diferentes objetivos: General English, Business, testes de proficiência como IELTS, TOEFL e Pathway etc. Eu sempre optei pelo General English, as aulas eram bem dinâmicas, aconteciam de segunda a sexta e terminavam 13h30, ou seja, eu tinha todas as tardes, noites e finais de semana para aproveitar a cidade. A cada 15 dias você realiza testes reading, listening e writing (o speaking é avaliado durante os exercícios em sala de aula) e pode mudar de nível de acordo com o seu desempenho. Se você não se adaptar com a turma e/ou o professor, você pode solicitar a troca de sala quantas vezes for necessário. Todas as terças e quintas você terá a Elective Class: 1h30 de aula (a sua escolha) focada em um assunto (normalmente os estudantes escolhem aqueles que precisam melhorar), são diversas opções: listening & speaking, pronunciation, business, writing, vocabulary, grammar, IELTS, TOEFL etc. Os livros didáticos você pode comprar novos com a escola (custo médio C$ 55,00) ou comprar os usados com os estudantes (custo médio C$ 25,00). Na última sexta-feira do período (a cada 30 dias), os professores junto com os estudantes, escolhem um restaurante/bar para uma confraternização. A escola possui um calendário mensal de atividades que possibilita os estudantes interagirem com o melhor de Toronto: pontos turísticos, museus, baladas, passeios, esportes etc. A escola também organiza viagens para cidades próximas (Quebec, Montreal, Ottawa, Niagara Falls, Boston, Chicago, Nova Iorque) a baixo custo. Resumindo, fiquei muito satisfeita com a minha escolha!
Nível de Inglês
Pelo tamanho do investimento em um intercâmbio, entendo que se você não ficar um longo período (uns 6 meses no mínimo) ou decidir ficar poucas semanas com muitas dificuldades de se comunicar em inglês, terá grandes chances de sair decepcionado (a). Caso não possa ficar muito tempo e não possua um nível de inglês que considere “confortável para a comunicação”, melhore seu inglês antes de embarcar. Encontrei muitos estudantes frustados, que tinham a ilusão de dar um “salto no idioma” em pouco tempo. A convivência no país acelera bastante, mas não faz milagres. Isso também depende muito da sua facilidade de aprendizado e/ou disciplina com os estudos. Por isso, analise bem a decisão.
Alimentação
Como relatei, meu pacote estava incluso 3 refeições (café, almoço e janta). O café da manhã: eu mesmo preparava e comia em casa antes de sair. O almoço era realizado na escola. No momento do intervalo, as salas de aulas viram “refeitórios” e muitos alunos se dirigem aos microondas espalhados pelos corredores para aquecer suas marmitas. Para o almoço eu normalmente levava um pouco da janta do dia anterior. Mas também cheguei a levar sanduíches naturais (atum, frango etc), iogurtes e/ou frutas. Pelo que entendi, diferente do Brasil, a principal refeição dos canadenses não é o almoço mas, o jantar. O jantar era preparado pela família e costuma ser o momento de confraternização diário dos estudantes da casa. Como relatei acima, minha “mãe canadense” participou ativamente do meu aprendizado e era principalmente no jantar que eu e os demais estudantes conversávamos sobre tudo. Era parte da diversão do dia!
Optar pelo plano com 3 refeições foi uma das melhores decisões, consegui economizar muito neste quesito. Como durante os finais de semana eu ia visitar lugares e passear com os amigos, eu sempre colocava meu almoço na bolsa. Observei que esta prática é muito comum por lá, era normal encontrar pessoas nos parques se alimentando de suas marmitas ou sanduíches trazidos de casa. No caso do jantar, por muitas vezes, eu só saí de casa depois da refeição. O que não significa que não aproveitei os restaurantes/lanchonetes, ao contrário, provei bastante a culinária local mas isso normalmente ocorria quando eu estava entre amigos.
Amigos
A maior e melhor parte de realizar um intercâmbio: amigos internacionais! Um único idioma te une a pessoas de todo mundo. Por mais tímido que você seja, fazer amigos (e colegas) durante um intercambio é muito mais simples do que parece: os estudantes chegam sozinhos no país na maioria das vezes, querem fazer novas amizades, querem praticar o inglês e são curiosos por novas culturas. As primeiras amizades começam dentro da própria sala de aula, aqueles que sempre sentam perto de você ou que possuem interesses semelhantes que são descobertos durante as atividades em sala. E toda semana chegam novos estudantes (que mudaram de nível ou que acabaram de chegar no país).
Quando alguma programação foi combinada com seus amigos, SEMPRE amigos destes seus amigos são convidados e a interação ocorre rapidamente, pelos mesmos motivos que já expliquei. Por varias vezes, cheguei a ir em aniversários, despedidas ou mesmo baladas em que eu só conhecia uma pessoa e saía do local com novas amizades, que na maioria das vezes, eram da mesma escola, ou seja, eu não perdia contato por estar sempre “esbarrando” com estes novos amigos.

O mais empolgante de amizades internacionais é o conhecimento que você adquire sobre um país e o quanto você aprende a respeitar ainda mais quando você convive com diferentes culturas. O assunto nunca acaba. E assim as amizades se fortalecem rapidamente.
Todos estão em aprendizado e estão ali pelo mesmo motivo, então, “ter vergonha” de falar inglês praticamente não existe. Se você conversa com uma pessoa que possui um nível menor que o seu, você aprende por que ensina. Se você conversa com uma pessoa que possui um nível maior que o seu, você aprende por que é ensinado. As duas partes sempre ganham!
Tem sugestões, dúvidas ou experiências em intercâmbios? Conta pra gente, vamos compartilhar. 😉
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